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A COVID-19 e o seu impacto em pacientes com AVC

Anualmente, somos alertados para a importância na prevenção de determinadas doenças, como o Acidente Vascular Cerebral (AVC) que, segundo os dados da Organização Mundial de Saúde, são a segunda principal causa de morte mundial.

De uma forma simples, o AVC define-se como uma diminuição abrupta na irrigação de algumas zonas do cérebro, impossibilitando que sejam oxigenadas e podendo levar à morte celular. Pode ser caracterizado como:

  • AVC hemorrágico, causado por rutura de um vaso sanguíneo;

  • AVC isquémico, provocado por um bloqueio (trombo) de um vaso sanguíneo.

Por outro lado, a COVID 19 - doença provocada pelo vírus pandémico SARS-CoV-2 - tem vindo a demonstrar ser mais do que uma infeção pulmonar pois tem implicações na vascularização dos pulmões e de outros órgãos, como o cérebro, aumentando assim, a probabilidade de o paciente sofrer um AVC.

Enquanto que o AVC tem maior incidência numa população mais envelhecida, muito devido à implicação de outras doenças comuns como a diabetes, hipertensão, obesidade, a COVID 19 abrange toda a população, embora haja riscos mais elevados em pessoas com idade ≥ 60 anos.

Por ser uma doença recente, há ainda bastante controvérsia em relação aos seus efeitos no nosso corpo. No entanto, estudos recentemente publicados indicam que a COVID 19:

  • pode provocar défice neurológico;

  • aumenta o risco no desenvolvimento da doença cardiovascular e lesões dos nervos periféricos em estadio severo;

  • promove alterações na coagulação do sangue, mesmo em estadios moderados da doença e em população jovem;

  • em pessoas que apresentem doenças graves, aumenta o risco em desenvolver AVC em 5.7%.

  • em pessoas com historial de AVC, aumenta a suscetibilidade em desenvolver um estadio severo da doença, para além de aumentar a probabilidade de sofrer outro AVC, seja pelas consequências físicas que implicam maior inatividade, seja pelo acesso restrito a serviços de saúde.


Fisioterapia em pacientes com AVC, num contexto de Pandemia por COVID 19

A pandemia de COVID 19 colocou-nos numa situação de constante (re)adaptação, porque para além de diminuir o acesso aos serviços de saúde, também fez com que os serviços prestados fossem executados com o menor contacto possível, de forma a minimizar os riscos de contágio e propagação da doença.

A Fisioterapia, sendo uma área da saúde que privilegia técnicas hands-on, ou seja, em que o toque é essencial na avaliação, facilitação/orientação/estímulo de estruturas durante a intervenção, também teve de se (re)inventar a uma nova realidade e desenvolver estratégias que permitissem a continuidade do acompanhamento dos seus pacientes.

Em várias situações, como no caso de pacientes com AVC, a continuidade da reabilitação torna-se imprescindível pois o maior potencial de recuperação encontra-se nas fases agudas e subagudas da doença. Alguns estudos demonstraram que uma imobilização prolongada em pacientes com AVC (como no caso de um confinamento), provoca uma diminuição acentuada na funcionalidade.

Devido a isso, os Fisioterapeutas têm capacidade para reestruturar um plano de intervenção que contribue para a reabilitação de um paciente com AVC, adaptado a esta nova realidade.


1. Reabilitação em casa

A prática de sessões de Fisioterapia no domicílio é bastante comum, principalmente em pacientes mais debilitados, com dificuldades na deslocação a espaços que prestem o serviço. Alguns estudos comprovam que os resultados de uma intervenção de Fisioterapia em casa são equiparados à intervenção num contexto de gabinete.

Existem vários procedimentos que podem ser utilizados em pacientes com AVC, num contexto domiciliar e que permitem um contacto mínimo com o Fisioterapeuta, tais como:

  • TENS (electroestimulação) – aplicável, quer em casos de flacidez, quer em espasticidade, apresentando resultados mais significativos se associado a tarefas ou atividade física;

  • Terapia do espelho – muito vocacionada para este tipo de casos, em todos os estadios (agudos, sub-agudos e crónicos). Pressupõe a utilização de um espelho normalmente colocado entre os dois membros, de forma a que o movimento realizado pelo lado saudável seja visualizado através do espelho como sendo do membro do lado afetado. Esta estimulação visual possibilita uma sensação ilusória de que o movimento ocorre no membro afetado e permite que haja uma (re)aprendizagem das áreas que foram lesadas.



2. Fisioterapia online /teleterapia

Este modelo de terapia, bastante difundido nos países do norte da Europa, permite que o acompanhamento seja realizado à distância, através de tecnologia simples e o mais acessível a todos. A Fisioterapia Online pressupõe uma abordagem o mais segura possível, através demonstrações de procedimentos (instruções ou imagem/vídeo), quer ao paciente, quer ao cuidador. Vários estudos foram desenvolvidos durante este ano, mostrando a evidência desta prática, não só em lesões/condições cuja intervenção se baseie no exercício físico, como também em casos neurológicos (AVC). Ficou demonstrado também que a telefisioterapia é tão eficaz quanto a intervenção dita “normal” (em contexto presencial).


Esta reflexão tem o objetivo de esclarecer que, apesar de estarmos num contexto delicado de pandemia, a Fisioterapia pode continuar a ser aplicada em pacientes com AVC, utilizando outras abordagens, mas com resultados significativos. Se necessitar de acompanhamento em Fisioterapia, contacte-nos.


 

Fontes:


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