
Aparece sem avisar e sem ser convidada. Vem subtilmente, disfarçada, sem se deixar conhecer. É uma doença invisível que deixa os seus portadores sem diagnóstico durante anos, fazendo-se muitas vezes passar por outras.
É uma doença que não se revela nas análises clínicas, nos raios X, ressonâncias magnéticas, tomografias axiais computorizadas, eletromiografias, nada. É uma doença cujo diagnóstico se faz, entre outros critérios, pela exclusão de outras patologias.
Quais os sintomas da Fibromialgia?
É invisível mas faz-se sentir; as pessoas com Fibromialgia referem uma panóplia de
sintomas:
dor difusa nos músculos e articulações - demonstrados na imagem seguinte*;
fadiga;
sono não reparador (acordar cansad@);
sensações estranhas como choques e formigueiros nos membros,
pernas irrequietas,
alterações gastrointestinais,
cefaleias (dores de cabeça).
Como se não bastasse, associam-se também sintomas de depressão e ansiedade, tudo isto com repercussões a nível funcional, emocional e social.
*Imagem retirada de https://medsimples.com/fibromialgia/
Como é diagnosticada a Fibromialgia?
O facto de não ser detetável em exames complementares torna o diagnóstico desta patologia num desafio. Para tornar esta tarefa mais simples, organizada e fiável, foram construídos os seguintes critérios:
Pontuação >7 no questionário “Índice de Dor Generalizada (WPI)” (um questionário que localiza a dor por regiões do corpo), e pontuação ≥ 5 na escala de severidade dos sintomas, (SSS), que inclui sintomas cognitivos, fadiga e sono não reparador; ou WPI ≥ 4 e ≤ 6 com SSS ≥ 9;
Presença de dor generalizada, definida como dor presente em, pelo menos, 4 das 5 regiões avaliadas no WPI (excluindo as regiões temporo-mandibular (articulação do maxilar, que permite abrir e fechar a boca), torácica e abdominal);
Os sintomas estão presentes num nível semelhante durante pelo menos 3 meses;
O diagnóstico de Fibromialgia é válido independentemente de outros diagnósticos e não exclui a presença de outra doença clinicamente importante.
Em Portugal, a prevalência de Fibromialgia é 1,7%, mais prevalente nas mulheres (3,1%) do que nos homens (0,0-0,2%).
Quais as causas da Fibromialgia?
A causa desta doença ainda não é totalmente conhecida.
Diversos fatores aparentam contribuir para a predisposição para desenvolver Fibromialgia, tanto:
biológicos (género feminino, fatores genéticos, resposta ao stress);
ambientais e socioculturais (abusos físicos e/ou sexuais na infância, baixo suporte familiar);
psicológicas (hipervigilância para a dor, depressão, ansiedade).
Nas pessoas com Fibromialgia parece existir uma alteração na forma como o sistema nervoso processa as informações dolorosas - aquilo que a uma pessoa saudável não causa dor, ou é só desconfortável, numa pessoa com Fibromialgia é sentido como algo muito doloroso.
Tratamento indicado para Fibromialgia
Há várias abordagens no tratamento da Fibromialgia e, segundo a evidência científica, a recomendação de tratamento de primeira linha é, nada mais nada menos, do que o exercício físico.

Uma pessoa com Fibromialgia pode não compreender como é que, com tantas dores, exaustão e privação de sono, deve fazer exercício. A verdade é que o exercício, quer aeróbio (como caminhadas, corrida, natação, dança…) quer de resistência muscular (com o peso do corpo ou pesos externos, como halteres e bandas elásticas) tem efeitos positivos na redução da dor e da fadiga, melhoria da qualidade do sono e da capacidade funcional, aumento da força muscular e redução do risco de outras doenças.
É importante compreender que o exercício é seguro e não apresenta malefícios; é possível e normal que, após o exercício, principalmente nas primeiras sessões, exista um agravamento da sintomatologia (dor e fadiga, por exemplo). Essa agudização não é perigosa e é expectável que desapareça rapidamente.

Existem várias estratégias para a implementação de um programa de exercício, e o fisioterapeuta pode ajudar neste campo. Um plano personalizado, de acordo com a capacidade e objetivos do utente é fundamental. Encontrar uma atividade e exercícios que sejam prazerosos e tenham significado para a pessoa e permitam transferir os ganhos para o seu dia-a-dia é crucial para a maior adesão e manutenção dos ganhos a longo prazo.
O exercício físico permite a ativação dos sistemas inibitórios descendentes que modulam a dor, além de ajudar na libertação de endorfinas que nos dão a sensação de prazer e alegria.
É importante que o exercício se torne parte integrante da rotina, para que seja possível manter os ganhos e os benefícios a si inerentes.
Saiba como a fisioterapia em casa pode ajudar, entrando em contacto connosco!
Elaborado por Fisioterapeuta Mariana Carvalho - OF nº 907
Fontes:
Mcfarlane GJ, Kronisch C, Dean LE, et al (2017) Annals of Rheumatic Diseases. 76:318-328

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