top of page

Demência: um destino sem volta

A demência é um termo que engloba várias doenças e pressupõe a perda lenta e progressiva da funcionalidade, afetando a memória, a aprendizagem, o pensamento, o raciocínio, as competências sociais e emocionais.

É uma condição que está vulgarmente associada ao envelhecimento porque é mais frequente em pessoas com idade superior a 65 anos, apesar de poder ocorrer a partir dos 40 anos. Contudo, é necessário salientar que nem todos os adultos idosos podem desenvolver demência, isto é, o processo de envelhecimento pode implicar que se “percam” objetos ou se esqueça de alguns pormenores, mas as pessoas com demência podem esquecer vários acontecimentos ou tarefas da vida diária como vestir, cozinhar ou conduzir.


Prevalência

A Organização Mundial de Saúde indica que existem cerca de 50 milhões de pessoas com demência, representando a 5ª causa de morte no mundo. A OMS prevê ainda que os casos de demência dupliquem em 2030 e que quase triplique em 2050 (cerca de 135 milhões).


Causa

No caso de várias demências, existe uma diminuição da quantidade de acetilcolina (neurotransmissor) que tem a função de ajudar na passagem de informação entre as células nervosas.


Tipos de demência

A Alzheimer Portugal refere que o tipo de demência mais comum é a doença de Alzheimer, representando entre 50 e 70% do universo de pessoas com demência.

A segunda forma mais comum de demência é a demência vascular, causada pela dificuldade na circulação de sangue no e para o cérebro (AVC, aterosclerose…).

Habitualmente, a demência é de origem primária (não associada a outras doenças), mas pode também fazer parte dos sinais de fases mais avançadas de outras doenças como:

  • a doença de Parkinson;

  • a doença de Huntington;

  • tumores cerebrais inoperáveis, entre outras.

Existem também as chamadas demências reversíveis que são causadas por condições que, se detetadas a tempo, podem ser tratadas sem causar danos significativos no cérebro. São exemplos:

  • tumores (operáveis);

  • infeções (encefalite, doença de Lyme…);

  • défice de vitamina B12;

  • utilização inadequada de medicação;

  • consumo excessivo de álcool.

Diagnóstico

As demências são diagnosticadas pelos médicos que se baseiam na sintomatologia, em exames imagiológicos (TAC, Ressonância Magnética, PET, SPECT…), exames físicos, exames/testes cognitivos, análises laboratoriais. No entanto, é importante salientar que só é possível ter certeza sobre o diagnóstico de doença de Alzheimer após exame histopatológico (biópsia ou após morte).


Sinais e Sintomas

Os sinais/sintomas mais comuns são a perda de memória, dificuldades no discurso e na compreensão, dificuldade na realização de atividades, alterações de personalidade, desorientação e comportamento inapropriado. O ritmo da doença difere, consoante o tipo de demência diagnosticado:

  • demência vascular – a sua progressão ocorre sob o efeito de “surtos”, ou seja, está dependente dos acidentes vasculares cerebrais (ou outros eventos) que vão ocorrendo;

  • doença de Alzheimer - tende a ter um ritmo contínuo.

Independentemente da causa da doença, a sua progressão tornará a pessoa com demência totalmente dependente de terceiros.

Segue uma breve descrição dos sinais e sintomas nas diferentes fases da demência.

Fase inicial da demência

Habitualmente, a primeira manifestação da doença é a perda de memória, principalmente a curto-prazo. Contudo, existem outros sinais/sintomas que podem manifestar-se logo numa fase inicial, como:

  • “encontrar”/utilizar a palavra certa;

  • compreender a linguagem;

  • pensar de forma abstrata, como por exemplo, fazer cálculos;

  • realizar tarefas diárias, como por exemplo, fazer um trajeto habitual ou relembrar onde colocou determinado objeto;

  • ter discernimento/bom senso;

  • instabilidade emocional;

  • alterações de personalidade.

É importante referir que as pessoas com demência conseguem dissimular as suas dificuldades, evitando realizar atividades mais complexas como por pagar contas, nomear alguns objetos, ler ou cozinhar. Fase intermédia da demência

À medida que a demência progride, a pessoa terá dificuldade ou impossibilidade em:

  • aprender ou lembrar novas informações

  • relembrar acontecimentos do passado (memória a longo-prazo);

  • realizar atividades diárias como higiene ou vestir/despir;

  • reconhecer outras pessoas ou objetos;

  • orientar-se no tempo (dia da semana ou do mês) e espaço (local, divisão, cidade)

  • compreender o que vê ou ouve

  • controlar o comportamento (gritos, choro, repetição de discurso…)

  • conduzir, seja pela dificuldade na coordenação motora (mudanças-pedais), seja pela perda de orientação espacial.

Neste período, há referência a traços de personalidade mais vincados (teimosia, preocupação ou ansiedade em exagero), a depressão e também a possível agressividade.


Fase final da demência

Infelizmente, a demência torna a pessoa completamente encerrada em si, impossibilitando-a de comunicar e tornando-a totalmente dependente dos outros. Ressalva-se:

  • a perda total de memória;

  • incapacidade de falar, comer e/ou andar;

  • não reconhecer-se (ao espelho ou o seu nome);

  • não reconhecer familiares mais próximos.

Devido a alguns destes fatores, a falta de mobilidade/perda de força muscular pode levar ao acamamento e a dificuldade na deglutição (seja de alimentos, da própria saliva ou de secreções) pode provocar o aumento do risco de infeções, podendo ser esta a causa de morte.


Fisioterapia

A Fisioterapia é extremamente importante no estabelecimento de ligações entre a função motora e cognitiva, estimulando a comunicação, a coordenação, a aprendizagem, a memória, através de exercícios com níveis de complexidade diferentes, com o objetivo de manter a funcionalidade e retardar os efeitos da demência, sempre em concordância com a fase da doença em que a pessoa com demência se encontra.

O Fisioterapeuta é o profissional de saúde com melhores competências para intervir nas alterações motoras que possam advir com a demência, contribuindo para a prevenção de quedas e diminuindo assim o risco de hospitalizações. Para além disso, tem um papel de extrema importância no contexto da vida diária, não só para o doente em si, como para os familiares/cuidadores, apoiando-os no ensino de estratégias para lidar com a doença e manter a segurança do doente e de todos.


Caso se identifique com este assunto e pretenda beneficiar ou proporcionar acompanhamento de Fisioterapia a uma pessoa com demência, poderá contactar-nos.


Elaborado por Fisioterapeuta Vanessa Figueiredo - OF nº 94

 

Fontes:




0 comentário

Comentarios


bottom of page