"Eu não gatinhei, o meu bebé também não precisa!"
- Diana Nascimento
- 31 de mar.
- 3 min de leitura
Será que é mesmo assim? Venha descobrir!

O gatinhar faz parte de um dos marcos importantes do desenvolvimento motor. E se há uns anos não lhe davam o devido valor, atualmente é diferente.
Quantas crianças e adultos é que conhecemos que têm problemas visuais, falta de concentração e de atenção e com dificuldades de coordenação?
Pois é! O gatinhar é o primeiro passo para que o bebé se mova de forma independente. Mas para além de ser uma forma de locomoção, está relacionado com:
experiências sensoriais,
a coordenação entre os dois lados do corpo,
0 desenvolvimento da visão,
o fortalecimento muscular e equilíbrio,
o desenvolvimento do cérebro.
Tudo isto, essencial para a realização de tarefas mais complexas no futuro. Para além disso, bebés que gatinham tendem a desenvolver-se melhor fisicamente, ganhando mais força e agilidade, o que pode prevenir problemas como obesidade e sedentarismo no futuro.
Razões para o bebé não gatinhar
Nem todos os bebés gatinham, e isso pode ocorrer por várias razões. Algumas delas incluem:
Pouco tempo de barriga para baixo (tummy time): Se o bebé passa muito tempo deitado de costas ou sentado em dispositivos como cadeirinhas e carrinhos, pode não desenvolver a força necessária para gatinhar.
Roupa inadequada: Roupas muito justas ou meias escorregadias podem dificultar esta aquisição.
Falta de estímulo: Se o bebé não tem um ambiente seguro e encorajador para explorar, pode não sentir a necessidade de gatinhar.
Questões neurológicas ou musculares: Em alguns casos, dificuldades motoras, tónus muscular alterado ou disfunções musculares/articulares podem dificultar o gatinhar.
O que posso fazer para ajudar o meu bebé a gatinhar?
Se quer incentivar o seu bebé a gatinhar, aqui estão algumas dicas:
Aumente o tempo de barriga para baixo: O tummy time fortalece os músculos do pescoço, ombros e braços, preparando o bebé para gatinhar.
Crie um ambiente seguro e estimulante: Deixe o bebé brincar no chão com espaço para se movimentar livremente.
Use brinquedos como incentivo: Coloque brinquedos ou objetos interessantes um pouco fora do alcance para encorajar o bebé a ir até eles.
Demonstre o movimento: Alguns bebés aprendem por imitação, então demonstrar o ato de gatinhar pode ser uma estratégia eficaz.
Evite o uso excessivo de dispositivos de retenção: Aranhas, cadeirinhas e outros equipamentos podem limitar a exploração do bebé e atrasar marcos motores.
Como é que a fisioterapia pode ajudar nesta aquisição?
Primeiro, é realizada uma avaliação completa ao bebé, de forma a descobrir a possível causa do atraso ou não aquisição desta etapa. Neste ponto, sabemos que a dificuldade na aquisição do gatinhar pode advir de situações como:
dificuldade em permanecer na posição de bruços (deitado de barriga para baixo),
prematuridade,
presença de torcicolos,
fraturas,
displasias de anca,
falta de estímulo,
presença de lesões neurológicas, entre outros…
Para além disso, são sempre avaliadas outras dimensões como o sono (se é um bebé que dorme bem, se tem muita irritabilidade durante a noite); a alimentação (se a amamentação é/era materna ou artificial e qual a justificação); e a postura do bebé na cadeira de alimentação (se for o caso). Ainda serão realizadas questões sobre o tempo de gravidez e o parto, onde podemos obter informações uteis sobre o bebé.
Por fim, são realizados alguns testes suaves e indolores de forma a identificar possíveis alterações.
Realizada a avaliação, elaboramos um plano de tratamento individual para cada bebé, onde serão incluídos diversos exercícios, que dependem da idade do bebé e do tipo de estímulo que necessitam. Técnicas manuais (se necessárias) e estas serão sempre suaves e respeitadoras do bebé, e, por fim, é sempre realizado ensino às famílias de exercícios e estímulos que podem ir realizando em casa, ajustadas há família e às suas rotinas.
O mais importante é lembrar que cada bebé tem o seu ritmo. Se houver dúvidas sobre o desenvolvimento motor, deverá contactar um fisioterapeuta pediátrico pode ajudar a garantir que o bebé está a desenvolver-se da melhor forma possível!
Elaborado por Fisioterapeuta Diana Nascimento - OF nº 1247
Fontes:
Boudreau, J. P., & Lobo, M. A. (2021). Effects of Crawling before Walking: Network Interactions and Longitudinal Associations in 7-Year-Old Children. International Journal of Environmental Research and Public Health, 18(20), 10727.
Kretch, K. S., Franchak, J. M., & Adolph, K. E. (2014). Crawling and walking infants see the world differently. Child Development, 85(4), 1503-1518.
Shimpei Yamamoto, Umi Matsumura, Lee Yeonghee & Toshiya Tsurusaki (2023) Variability in infant crawling with typical development and risk of developmental delay, Early Child Development and Care, 193:8, 979-991
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