top of page

Fisioterapia: Um aliado na luta contra o cancro

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o cancro é um problema de saúde pública, a nível mundial e uma importante causa de morbidade/mortalidade. Em Portugal é a segunda causa de morte.


A incidência e mortalidade têm aumentado com o crescimento e envelhecimento da população e alterações de factores de risco, tornando-se, muitas vezes, numa doença crónica. De entre os cancros mais comuns, destaca-se o cancro da mama, pulmão, cólon e próstata. A patologia oncológica tem sido definida como a “epidemia” do século XXI.

 

A importância da prevenção

Estima-se que 30% a 50%de novos casos podem ser prevenidos, sendo esta a melhor estratégia, a longo prazo, com melhor custo-benefício. Devem, assim, adoptar-se estilos de vida saudáveis, desenvolver-se políticas e programas nacionais para aumentar a consciencialização e a redução à exposição a factores de risco, ensino de técnicas de auto-avaliação (mama, testículo, etc.), realizar diferentes rastreios e permitir o acesso precoce aos meios de diagnóstico e terapêutica – prevenção primária. A população deve receber a informação e o apoio necessário para adoptar estilos de vida saudáveis e evitar a exposição a factores de risco, como a obesidade, tabagismo, dieta alimentar, actividade física, exposição solar, ocupação, etc.

 

A Fisioterapia e a Oncologia

É importante referir que os cuidados prestados ao doente oncológico devem ser realizados por um fisioterapeuta com competências específicas, previamente adquiridas. A fisioterapia assume um papel muito importante na melhoria da qualidade de vida do doente oncológico, independentemente do tipo de cancro e fase/estadio  em que se encontre.


O fisioterapeuta, em oncologia, intervém tendo em conta o estado emocional do doente, a tolerância à dor, os tratamentos que realiza no momento (radioterapia, quimioterapia ou outras terapias farmacológicas) e a existência (ou não) de metástases. Todos estes factores têm que ser avaliados em equipa multidisciplinar, podendo representar limitações à aplicação de técnicas específicas de fisioterapia.


Os vários estadios de linfedema, situação que pode ocorrer após remoção de gânglio(s) linfático(s) em cirurgia oncológica, quer nos membros superiores, quer nos membros inferiores.


O objectivo da intervenção da fisioterapia prende-se com a prevenção e tratamento do  linfedema (prevenção de infecções subcutâneas), mobilização cicatricial, avaliação pulmonar (fisioterapia respiratória), auxílio nas adaptações das AVD e maximizar a funcionalidade do doente (força, mobilidade, sensibilidade, postura, desconforto). Intervém também nos cuidados paliativos prestados ao doente, bem como numa vertente estética, emocional e  psicossocial. Iniciada precocemente, pode reduzir a ocorrência de complicações resultantes de uma cirurgia.


O linfedema é uma patologia crónica, que pode ser tratada eficazmente, mas não curada.



A Terapia Linfática Descongestiva - Método Leduc (drenagem linfática manual), mais conhecida no meio da fisioterapia como TLD, consiste numa série de manobras lentas, de baixa pressão (evitar o colapso dos vasos), cujo efeito é exercido sobre a rede linfática superficial. Existem também cuidados de higiene específicos a ter em conta, bem como métodos de compressão complementares (bandas multicamadas, pressoterapia, dispositivos de contenção elástica, mangas elásticas, etc.) e estimulação da contracção muscular.

 

Ao aplicar esta técnica, o fisioterapeuta visa melhorar a função vascular linfática, desorganizar o edema, melhorar a condição cutânea (prevenção do desenvolvimento de infecções subcutâneas), optimizar a função e reduzir a dor/desconforto associado ao edema.


Contra-indicações da TLD

Fazem parte das contra-indicações à aplicação desta técnica:

  • Erisipela;

  • Adenopatias;

  • Insuficiência renal;

  • Hipertensão não controlada;

  • Insuficiência cardíaca severa;

  • Cirrose hepática com ascite;

  • Obstrução da veia cava superior.

 

É importante referir que o êxito da TLD, tanto na fase de redução como na de manutenção, está directamente relacionado com a responsabilização do paciente, através da informação fornecida sobre a colaboração/compromisso na gestão da patologia, gestão de peso, actividade física, entre outras recomendações.


Saiba como a Fisioterapia em Casa pode ajudar, entrando em contacto connosco!


Elaborado por Fisioterapeuta Maria Raquel Cavaco  - OF nº 4880


 

Fontes:

  • Alappattu, M. (et al) – Clinical characteristics of patients with cancer referred for out patient physical therapy. Physical Therapy, 526-538 (2015)


  • Bray, F. (et al) – Global cancer statistics 2018: Globocan estimates of incidence and mortality world for 36 cancers in 185 countries. CA a Cancer Journal for clinicians, 394-424.


  • Buffart, L. (et al) – Evidence-based physical activity guidelines for cancer survivors: current guidelines, knowledge gaps and future research directions, Cancer Treatment Reviews, 327-340 (2014)


  • Gordon, K.; Mortimer, P. – Descongestive Lymphatic Therapy. Springer (2018)


  • LeDuc, O. (et al) – Rehabilitation after breast cancer treatment. European Consensus. The European Journal of Lymphology  (2008)


  • Siegel, R (et al) – Cancer statistics. CA a Cancer Journal for clinicians, 7-30 (2020) 


  • Stuiver, M (et al) – An integration perspective on integration physiotherapists in oncology care. Physiotherapy, 186-188 (2019)


  • Pergolotti, M. (et al) – The prevalence of potencially modifiable functional deficits and the subsequent use of occupational and physical therapy by older adults with cancer. Journal of Geriatrics Oncology, 194-201 (2015)


  • World Health Organization – WHO Cancer control strategy (2022). Disponível em https://www.who.int/health-topics/cancer#tab=tab_1

0 comentário

Comments


bottom of page