A articulação temporo-mandibular (ATM) é uma das mais complexas articulações do corpo humano, formada pela ligação entre o osso temporal do crânio e a mandíbula.
Esta é responsável pelos movimentos mastigatórios e por atividades funcionais, como mastigar, falar e deglutir.

Esta articulação, por ser complexa, por ser uma estrutura que está continuamente a sofrer mudanças estruturais e por outros diversos fatores, pode vir a desenvolver disfunções.
A disfunção temporomandibular é um termo que abrange uma série de condições clínicas que envolvem a articulação, a musculatura mastigatória e as estruturas associadas, e estas condições de dor orofacial crónica são as mais comuns não relacionadas diretamente aos dentes.
Estas disfunções podem ser subdivididas em disfunções articulares relacionadas a patologias congénitas, disfunções do disco articular, luxação articular, problemas inflamatórios, osteoartrite (não inflamatório), anquilose e fratura condilar.
Causas e sintomas da disfunção temporomandibular
A origem das disfunções temporomandibulares é multifatorial e torna-se difícil isolar apenas uma causa.
Há variados fatores que podem contribuir para esta disfunção, como, os biomecânicos, neuromusculares, biopsicossociais e neurobiológicos. Estes fatores são classificados por predisponentes, iniciais e agravantes.
Os fatores predisponentes englobam condições estruturais, metabólicas e/ou psicológicas que podem afetar o sistema mastigatório de forma a aumentar o risco de desenvolver uma disfunção na ATM;
Os fatores iniciais, os que levam ao aparecimento de sintomas, podem estar relacionados com um trauma ou carga/movimentos repetitivos do sistema mastigatório. As lesões por trauma na cabeça, pescoço ou na mandíbula podem resultar numa lesão por impacto na articulação temporomandibular. Por outro lado, a carga/movimentos repetitivos e excessivos também podem trazer sintomas e problemas na articulação e em todo o sistema mastigatório. Estes movimentos repetitivos estão associados a hábitos parafuncionais, ou seja, a atos inconscientes e/ou até involuntários, como ranger/apertar os dentes, roer as unhas ou morder objetos. Para além destes, o bruxismo também tem sido sugerido como um fator inicial ou predisponente nestas disfunções.
E por fim, os fatores agravantes, os que acentuam a progressão destas disfunções, que incluem também fatores parafuncionais, hormonais ou psicossociais.

Os sintomas mais frequentes são dores na face, articulação e/ou nos músculos mastigatórios. A dor de cabeça também pode estar associada devido ao nervo trigémio que abrange ambas as áreas.
Outros sintomas que se podem manifestar são os estalidos durante a abertura e fecho da boca (ruídos articulares); limitação na abertura da boca; plenitude auricular, caracterizado por uma sensação de entupimento ou pressão no ouvido; dor de ouvido; zumbidos e até tonturas.
As alterações na articulação temporomandibular também se podem refletir em adaptações em todo o sistema muscular, desencadeando alterações posturais, como a posição da cabeça e da cintura escapular.
Papel da fisioterapia no tratamento e outras considerações

A fisioterapia pode ser usada no tratamento de diversas disfunções orofaciais, sendo que inicialmente é necessário a sua avaliação adequada para um tratamento eficaz.
A fisioterapia é um tratamento eficiente nestas disfunções, porque pode ajudar a
controlar a dor, a restaurar a função do aparelho mastigatório, promover a reparação e a regeneração tecidular e reeducar o utente, atenuando as cargas adversas que podem prejudicar o problema.
A dor muscular e na articulação é possível reduzir através da massagem manual e da aplicação de calor, uma vez que ajuda a diminuir a tensão muscular.
O tratamento engloba também a mobilização articular e um conjunto de exercícios específicos e posturais com o objetivo de restaurar a função da articulação e de todo o aparelho mastigatório.
Para além da fisioterapia, a utilização de um aparelho miorrelaxante pode ser aconselhado, uma vez que há estudos em que a maioria dos utentes apresenta melhorias da sintomatologia na sua utilização. No entanto, não está comprovado cientificamente se realmente a dor diminui devido ao efeito específico do aparelho.
Contudo, há evidência científica para a sua utilização como protetor dentário e como dispositivo de diagnóstico para as disfunções temporomandibulares. O tratamento cirúrgico é considerado como a última opção e é apenas necessário em casos específicos, como fraturas, anquilose e certas patologias congénitas ou de desenvolvimento.
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Elaborado por Fisioterapeuta Inês Gonçalves - OF nº 4435
Fontes:
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